É verdade que havia uma moça em Petrolina inclinando atenções
não somente dos leigos e letrados admiradores da Poesia, todavia da massa
encardida de analfabetismo, triste conseqüência da colonização. O motivo,
leitor, para tal semelhança entre as classes não se baseia só na Beleza, pois
este atributo pertence aos gregos, mas no arroubo peculiar de uma anônima em foco. Os paradoxos comprovam
a sensatez da paixão e o disparate da razão.
No claustro, encontrava-se na estepe. Nos sonhos,
delineava-se a metáfora corporal. Na realidade, materializava-se em idealizações. Eu
bem alertei que o paradoxo seria a tônica da prosa nebulosa por causa do foco.
O fato é que ser conciso e declarar-se num papel são
bastante complicados por se tratar não só de um amor platônico ou uma trivial
amizade distante, mas sim de uma papoula que se extrai o ópio inebriante. A
convulsão de sentimentos rompe os estorvos já comumente implícitos. Uma mistura
que move a alma do poeta.
E o que revelei? Absolutamente, nada. E o nada pode ser
tudo. Ela nos cega, orienta, faz conhecer tudo, entretanto nos confunde de tal
jeito que nos permite concluir apenas nebulosidades sobre ela. E olha, é tão
agradável o vício dela que nem a Psicologia, mãe da consciência concreta,
consegue descrever tal essência. Só me resta mesmo continuar tragando o conteúdo
do inexplicável.
Obra dedicada à ti, minha querida Victória Resende, minha garota de Petrolina.