sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Do saboroso beijo, sucumbe a lúgubre flor.

Vejo as gaivotas indo embora.
O Crepúsculo já é anunciado.
Sentado no morro, encubro-me de lágrimas.
Uma semente germina de tamanha obscuridade.

Lembro-me de tal fato, de tal beijo que me atrevi.
Que senti de sua boca doce e amarga.
Recordo-me do sangue derramado de meus lábios.
Amarga dor, mas doce conforto.

Agora, no exílio, observo tudo.
Todos me observam
Malditos abutres.
E a semente continua a ascender.

Passaram-se os tempos, divina Carla.
E as aves traíram-me.
Onde estão as gaivotas? Onde?
E a semente, ah, já é flor.

Sou uma recatada alma,
Minha amada encantadora.
Meus embaraçados ossos
Entristecem a flor.

Flor que eu vi.
Flor que nasceu de mim.
Flor que viveu de ti.
Flor que chegou ao fim.

Sucumbe minha alma.
A temeridade devora-me.
Como uma aurora em certas horas.
Busco nos ventos teu brilho, airosa Carla.

Um comentário:

  1. Ainda tenho o áudio que eu gravei de você declamando ele, pouco antes de enviá-lo a Áquila.

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