sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lírica Oculta.

Destaca-se o ambíguo aroma de minha amada em meus devaneios que, como uma formosa rosa, me fazia navegar pelos riscos de uma paixão improvável. Vejo-te em todos os lugares. Sinto tua alma angelical afligir-me e provocar-me um genuíno frenesi carnal. Ah, estrelas cintilantes, lua reconfortante. Tudo se volta para a mais bela de Morfeu. Não quero mais conhecer minha verdadeira realidade, mas sim, o profundo sorriso de te sentir em meus sonhos, saboreando de uma delirante sinestesia que teu corpo provoca em meu ser. Infelizmente, a vida é mortal, impiedosa e traiçoeira. O sol reacende-se e consigo, através dos raios luminosos que dilaceram minha alma, vem a mais profunda dor. O seu enlace com outro é iminente. Animalizo-me, desumanizo-me e desfruto de minha condição de verme. Verme em vida, vida de verme. Por ti, às noites, vivi com a mais pura obscuridade. Por ti, nos sonhos, fantasiei a aproximação de teu corpo ao meu. Por ti, falecerei, vivendo a mais pura nostalgia que tivemos, pois me dera a Morte, mas concedeu-me, acima de tudo, a Vida e o sentido de minha existência.

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