segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rastros ocultos


É verdade que havia uma moça em Petrolina inclinando atenções não somente dos leigos e letrados admiradores da Poesia, todavia da massa encardida de analfabetismo, triste conseqüência da colonização. O motivo, leitor, para tal semelhança entre as classes não se baseia só na Beleza, pois este atributo pertence aos gregos, mas no arroubo peculiar de uma anônima em foco. Os paradoxos comprovam a sensatez da paixão e o disparate da razão.

No claustro, encontrava-se na estepe. Nos sonhos, delineava-se a metáfora corporal. Na realidade, materializava-se em idealizações. Eu bem alertei que o paradoxo seria a tônica da prosa nebulosa por causa do foco.

O fato é que ser conciso e declarar-se num papel são bastante complicados por se tratar não só de um amor platônico ou uma trivial amizade distante, mas sim de uma papoula que se extrai o ópio inebriante. A convulsão de sentimentos rompe os estorvos já comumente implícitos. Uma mistura que move a alma do poeta.

E o que revelei? Absolutamente, nada. E o nada pode ser tudo. Ela nos cega, orienta, faz conhecer tudo, entretanto nos confunde de tal jeito que nos permite concluir apenas nebulosidades sobre ela. E olha, é tão agradável o vício dela que nem a Psicologia, mãe da consciência concreta, consegue descrever tal essência. Só me resta mesmo continuar tragando o conteúdo do inexplicável.

Obra dedicada à ti, minha querida Victória Resende, minha garota de Petrolina.